Sobre Ismálias e as (im)possibilidades de desejo de amar, além-mar
escrita clínica
DOI:
https://doi.org/10.56073/bfp.v31i1.58Palavras-chave:
recusa, racismo estrutural, subjetividadeResumo
Fazendo alusão ao poeta mineiro, Alphonsus de Guimarães, que publicou Ismália, poema sobre uma mulher que enlouquece e, encarcerada numa torre, sonha com a possibilidade de se aproximar das duas luas que vê: uma no mar, outra no céu. O poema traz dualidade a todo momento, desejos antagônicos: divisão entre céu e mar, corpo e alma. O presente artigo procura investigar através da escuta clínica aquilo que reflete na realidade psíquica singular a realidade brasileira, que é marcada pela luta de classes e pelo racismo estrutural. Duas mulheres atravessadas por suas marcas sociais se encontram em posições muito diferentes, porém ambas dividem o mesmo consultório. Este artigo prevê o encontro de Camila e Glória como um encontro de Ismálias, cuja cegueira ou recusa em relação à dimensão política que a ética psicanalítica implica têm sérias e profundas consequências, seja para uma, para a outra ou para a dupla analítica.
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